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UM CASAMENTO PROBLEMÁTICO

Era uma vez um homem riquíssimo. Senhor de inúmeras posses e dono de
inúmeros escravos (Salmo 24:1), este homem teve poucos amigos no decorrer
de sua vida. Estes poucos amigos foram servos dignos de confiança, que mereceram
receber de seu senhor uma promessa (Gênesis 12:2-3): eles passariam a fazer parte
de uma mesma família.

O tempo passou e aquela família se mostrou fiel em alguns momentos. Até que de
seu seio nasceu um homem o qual veio a ser tornar amigo do dono da fazenda e
um amigo digno de confiança. Seu nome era Moisés.

Um dia, esse homem riquíssimo fez uma nova promessa a este amigo:
- Vou me casar com a filha mais jovem de sua família. Aguardarei somente o tempo
de ela crescer e ter a idade necessária para que o casamento possa
ser celebrado (Êxodo 3:7-9). Para isso, vou enviar você até a família dela que se
encontra no Egito, e você os conduzirá até aqui, minha casa, para que o casamento
possa ser celebrado.

Moisés empreendeu a viagem, que a princípio não desejava fazer. Até chegou a discutir com seu amigo acerca dessa empreitada, a qual era contra (Êxodo 4:13). Mas o homem insistiu e obrigou-o a realizar a obra (Êxodo 4:14-17). Moisés era um homem que se entregava com fervor e devoção a uma tarefa quando esta era-lhe imposta. E foi com este fervor e devoção que ele foi até o Egito, para trazer a noiva prometida à seu amigo, o dono de todas as coisas.

Após muitos problemas iniciais em que precisou convencer a família da jovem que ele era amigo do senhor a quem representava (Êxodo 4:29-31), e após combater vários egípcios contrários à vontade de fazer da moça a esposa de seu senhor (Êxodo 7 - 12), Moisés conseguiu trazer à família e a jovem noiva para a casa de seu Senhor.

Logo que ali chegaram, o senhor apresentou-se pessoalmente a todos (Êxodo 20) e explicou a todos eles quais eram as leis que ali vigoravam, fazendo especial advertência contra a práticas sociais indevidas e várias ordens de decoro, do tipo:

- Aqui não se deverá adulterar e somente uma mulher casada poderá se deitar e isso com seu próprio marido, pai de seus filhos e filhas.

O povo temeu as ordens impostas e pediu a Moisés que somente ele conversasse com o Senhor (Êxodo 20:19). E concordaram que o casamento fosse celebrado.

O Senhor então chamou a Moisés para irem até seu escritório interno, a fim de tratar dos assuntos referentes ao casamento que seria celebrado. Moisés seria o mordomo e o encarregado da nova casa do seu senhor, na terra que ele havia prometido dar aos descendentes de sua família, bem como da casa que seria construída para abrigar a noiva e o noivo:

- Assim farás a construção da casa... (Êxodo 24-31).

Moisés passou várias horas conversando com o senhor no seu escritório particular. O povo do lado de fora tornou-se impaciente. Passou a exigir música e festas para celebrar o casamento. E obrigou o irmão de Moisés a providenciar estas coisas (Êxodo 32:1).

A música começou a ser cantada entre o povo. E o irmão de Moisés, Arão, providenciou a alegria da noiva. Mas os servos do dono casa a tudo observavam (Provérbios 15:3).

Um certo jovem chegava junto com outros à casa de seu senhor e ouviu o alarido da festa. Este homem não gostava do senhor daquela casa, e nem tampouco se dispunha a servi-lo com zelo, apesar de ter nascido entre suas servas e se servir da comida de seu senhor (Jó 1:6). Logo ficou sabendo quem era o povo ali presente. E conheceu a futura esposa do seu senhor.

Por ser de bela aparência, este jovem aproximou-se de maneira fácil da jovem mulher. Apesar da bela aparência, a jovem não possuía tino nem senso comum. Era totalmente desprovida de inteligência para discernir entre as coisas boas e as coisas más e possuía um lingüajar de baixo calão e uma alma que se entregava de modo fácil aos prazeres da vida. Moisés bem conhecia a alma e o caráter da jovem futura esposa de seu senhor. Talvez por isso, tenha sido tão contra a união no início. Ao longo do caminho até a casa de seu senhor, o caráter da jovem esposa e de seus pais apareceu de diversos modos em vários problemas e dificuldades ao longo do caminho (Êxodo 16:1-3).

Se Moisés estivesse ali para evitar a tragédia...

Mas estou adiantando-me a história. O fato é que o jovem moço, que odiava a seu senhor, tomou a mulher sem muito esforço em seus braços. Com belas palavras e mostrando coisas bonitas enganou seus olhos (Gênesis 3:3-7). E o jovem rapaz a levou ao quarto interior da casa de seu Senhor, o quarto onde ele dormia. E se deitou com ela ali, enquanto os gritos de festa soavam do lado de fora.

Rapidamente, os servos do senhor viram e souberam do acontecido.

Imediamente, um deles adentrou a sala onde Moisés e o senhor se encontravam. Aproximando-se até seu ouvidos, o servo leal falou a seu Senhor. E deram a notícia ao dono da casa.

- Saia daqui! Vá ver seu povo. Minha noiva acaba de se deitar com um inimigo meu. E isso dentro de minha casa. Rapidamente, seu povo insultou-me dentro de meu lar!!

Moisés ficou angustiado.

- Irei matá-los todos agora mesmo. E de você e seus descendentes farei uma nova família.
- Não, meu senhor! O que dirão os egipcios?? Eu os trouxe até aqui seguindo as tuas ordens! Irão dizer que tencionava nos matar e por isso nos trouxestes até aqui.

Moisés implorou pela vida daqueles que ele conhecia terem um coração ruim. Mas o fato é que O amigo havia-o incubido de ser um advogado para aquele povo. Uma tarefa penosa e difícil, mas que Moisés cumpriria com todo o zelo e com todo o fervor até o fim de sua vida.

Moisés voltou e atacou seu povo. Terminou com o alarido de festa. Com os homens e mulheres seminus que já se enroscavam pelo chão. Gritou com Arão, expôs a noiva aos olhos de todos. Ela merecia a morte. Todos eles mereciam.

- Como você podem vir até aqui e ofender a alguém que desejava ser bondoso com todos nós? Como tem esta coragem??

O silêncio era ensurdecedor. Todos caem em si. A vergonha fica estampada na face de todos. Moisés julga o povo com severidade.

Retorna à casa de seu amigo, para ouvir o veredicto final acerca daquele povo. Sabedor dos trâmites legais e da punição merecida àquele povo já anunciada anteriormente - a morte - e como um bom advogado, o amigo se interpõe à frente para cumprir a sua missão:

- Se não os perdoares, risca o meu nome do teu livro e do teu favor me afastes!!
- Farei isso com quem eu assim desejar (Êxodo 33:32).

E disse mais o Senhor:

- Retira este povo de minha casa. Não convém tê-los diante de mim. Se eles contrariarem novamente as minhas leis, posso matar a todos eles. Cumprirei a minha palavra. A casa e a terra que prometi dar como herança à sua família lhes será entregue. Eu reconhecerei a moça como minha esposa. Porém, não viverei com ela na mesma casa e não a acompanharei até ela. Tu a levarás até lá e bem como à sua família.

Ouvindo isso todo o povo, chorou amargamente. (Êxodo 33:1-3).

E Moisés levou o povo para longe da casa de seu senhor. E passou a falar com ele todos os dias em uma tenda armada fora do acampamento. O povo passou a se mostrar contrito e abatido. Passou a demonstrar arrependimento por seus atos, enquanto Moisés falava com seu amigo e Senhor (Êxodo 33:7-8).

Ao ver a atitude do povo e de sua noiva, conhecedor do caráter e da índole de seu amigo Moisés, o Senhor voltou atrás em sua decisão. Decidiu se casar com a jovem mulher, mesmo sendo ela sem senso, dada a rompantes emocionais e com uma boca que dizia coisas desagradáveis ao falar.

O Senhor se dispôs a honrar, por fim, completamente aquilo a que se havia comprometido.

Contudo, o povo voltou a pecar e a aborrecer a seu Senhor. Tiveram medo e receio em Sua presença de outras pessoas e não temor por Ele (Números 13). E mais uma vez, o Senhor endureceu seu coração, baixando um decreto irrevogável:

- A casa não ficará pronta até que todos aqueles que tiveram mais temor a homens que a mim tenham morrido! (Números 14:21-24). Nenhum deles entrará na terra que prometi dar a meus amigos Abrãao, Isaque e Jacó. Josué e Caleb a verão, porque tiveram coragem e não temeram!!!

Em uma de suas conversas pessoais com Moisés, tempos depois de celebrado o casamento e com os preparativos para ocupar a casa em andamento, ele disse a seu amigo:

- Eu bem sei que esta jovem é petulante e dada a rompantes emocionais. Com o passar dos anos, ela se tornará arrogante. Se achará rica, andará com o nariz empinado. Ainda que dentro de alguns anos aprenda a ser mais humilde e a falar de modo correto, os anos e o tempo a farão voltar a seus velhos hábitos e terei problemas para controlar a casa em que ela estiver vivendo e as terras em que sua família estiverem habitando. Me comprometi a não desposar mulher alguma de qualquer outra nação. Mas ela me será infiel. E sua infidelidade aumentará com o decorrer dos anos. Quando isso ocorrer, eu a abandonarei e darei à ela uma carta de divórcio. Trarei contra ela as noivas e consortes mais belas que surgirem no Oriente e elas a arrasarão. A humilharão e dirão a ela que são as mais belas e que se comportaram melhor do que ela em minha presença. Tu também morrerás, porque a família dela muito te provocou a ira e tu faltastes para comigo (Números 20). Contudo, ainda assim cumprirei a minha promessa a meus amigos Abrãao, Isaque e Jacó. Ainda a reconhecerei diante dos homens como minha esposa. E ainda a salvarei.


Eis que tudo isso aconteceu conforme o aqui descrito.

Moisés, amigo do seu senhor, morreu, realizando até o fim a obra que lhe foi confiada. Até mesmo sua morte foi em prol daqueles aos quais seu senhor confiara à sua guarda e a sua direção (Números 20:1-12).

Amigos assim, até hoje são muito difíceis de encontrar.

A paz de Cristo.

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